Confira a abaixo a segunda parte da história que começou a ser contada aqui.
Silverthorn Storybook
A história de Silverthorn - Segunda Parte
Os
dias que se seguiram foram embaçados e sem sentido. Chuva, Tristeza, Luto e
Lagrimas. Vizinhos se unindo em um grupo de busca. Nossa mãe colapsou quando
ninguém foi capaz de encontrar e retornar com Jolee. Pessoas de luto indo e
vindo a nossa casa. O olhar vago nos olhos de nosso pai. Mas o pior de tudo era
o silêncio. Mamãe não tocava o violoncelo e a voz doce de Jolee não estava mais
cantando alguma melodia feliz. Dezenas de pessoas nos perguntavam o que tinha
acontecido. Mas Robert e eu simplesmente olhávamos fixamente um para o outro e
dizíamos que não sabíamos. Nenhum de nós se atrevia a falar o que realmente
tinha acontecido. Nós certamente seriamos punidos além dos nossos limites, nós
temíamos.
Não
podíamos suportar a idéia de sermos odiados e culpados por nossos pais em cima
da perda e do luto que estávamos todos compartilhando. Isso seria insuportável.
No dia do funeral, palavras de conforto
foram oferecidas, mas não há conforto para as almas que foram jogadas no poço
da desesperadora perda. Também não parecia certo, por que não havia um corpo
físico lá, foi tudo tão surreal. De qualquer forma a morte é um conceito tão
difícil de entender, mas parece abstrata e cruel se nenhum fim é oferecido
através da visão do seu amado em um estado inanimado. Nós nos sentimos
amaldiçoados. A ultima oração estava
sendo feita e as coisas estavam chegando ao fim. Foi quando ouvimos; a mais
doce e abandonada melodia, chorando do violoncelo de nossa mãe. Nós já tínhamos escutado elas antes, no
entanto, foi ainda mais triste e apaixonada neste momento. O ministro fez uma pausa
de espanto e temor, porém, continuou a oração com mais sinceridade e emoção. Esse
foi o fim. E depois esse foi o início.
Minha
vida é composta de vários furos. Vazios. Profundos. Espaçados. Ocos. Existe
aquele que foi deixado quando Jolee se foi naquela curva do rio. Um determinado
espaço foi criado pela culpa do segredo que Robert e eu mantínhamos sobre o
ocorrido naquele dia. Existem buracos no tempo que eu simplesmente perdi quando
não consigo me lembrar onde eu estive ou o que eu fiz. E há um buraco que
cresce cada vez que eu ouço minha mãe tocar a assombrada melodia, a melodia que
se tornou canção tema de nossa família para a tragédia. Nos meses seguintes a
morte de Jolee nossa mãe se tornou cada vez mais retraída e nosso pai procurou consolo
no álcool. Comecei a me perder em livros e Robert queria passar mais tempo fora
de casa com os novos amigos que ele estava fazendo. Ambos, no entanto fomos atraídos
para o violoncelo. Jolee tinha a afinidade de nossa mãe para o violoncelo e se mostrou
uma promessa de prodígio, então nós sentimos quase uma obrigação de tocar
também, para compensar a sua ausência. Sempre que a nossa mãe não estava
praticando no pavilhão, um de nós ia ficando mais familiarizado com o
instrumento.
Robert parecia especialmente
talentoso e a primeira vez que a mãe sorriu desde a tragédia foi quando todos
nós escutamos ele terminar uma peça particularmente difícil, era uma favorita
de Jolee. Anos se passaram e todos nós caímos em nossas rotinas. Apesar de
todos nós termos andado o mesmo insignificante caminho nebuloso desde que a
nossa jóia partiu nós acabamos de todas as outras formas nos distanciando,
crescendo separados um do outro. Eu estava cada vez mais estudioso, enquanto
Robert se rebelou contra todos os convencionalismos. Nossa mãe ficou quieta,
triste e doce enquanto nosso pai se tornou cada vez mais barulhento, desagradável
e violento. Nosso pai também descontou a sua agressividade em meu irmão que se
fez de alvo fácil, chegando em casa tarde, sendo mal humorado na escola e
confraternizando com más companhias. Parecia que a raiva do pai era o fogo nos
seus punhos e a carne e osso de Robert era a água para apagar esse fogo.
Cada
vez que o pai precisava sufocar a chama dos seus punhos, mamãe pegava o
Silverthorn e tocava sua trágica canção no pavilhão, abafando os prantos de
Robert. Isso aconteceu tantas vezes que eu me tornei insensível, atraindo-me em
um dos meus buracos para me consolar com o vazio que era oferecido lá. Então,
como se alguém tivesse estalado seus dedos para a maré entrar, as mortes
começaram. Tudo começou com uns primos nossos, cada um no lado da família da
mãe e do pai. Depois tias e tios. Mês a mês e um por um, haveria notícias de um
acidente estranho e bizarro que reivindicou outra vida. Nós fomos amaldiçoados
e ninguém entendia o que estava acontecendo. Todos estavam tensos e
mortificados por que a morte se aproximava a cada dia. Mas eu e Robert
entendíamos. Isso era nossa obra. Karma foi um agente que exigiu o reembolso e
este era o momento para a nossa retribuição. Em cada funeral, a mãe emprestava
seus talentos para lamentações e tocava sua canção, que se tornou canção de
todos. Em algum lugar próximo ao sexto funeral nosso pai teve uma explosão de
agressividade e bateu tanto em Robert que eu teria certeza que ele seria o
sétimo a ser enterrado. Aquela noite quando ele deitou em sua cama, todo
inchado e ensanguentado, ele me disse que partiria. Na próxima semana faríamos
17 anos e já éramos homens crescidos.
Crescidos
o suficiente para poder deixar o abominável poço de desespero que nossa família
passou a ser, de acordo com Robert. Ele acreditava que essa era a única maneira
de quebrar a influência da maldição e restaurar um senso de equilíbrio para a
família. E se o equilíbrio não fosse restaurado, ele seria condenado, se ele
ficasse para dar o testemunho. No entanto, uma questão ainda precisava ser
resolvida antes que ele faça a sua partida. A questão de o que tinha acontecido
com Jolee. Desde aquele dia nós nunca falamos uma palavra do que havia
acontecido e ambos juramos de novo e em voz alta que o nosso segredo
permaneceria conosco até os nossos túmulos. Mas palavras não eram suficientes.
Palavras nunca são o suficiente. Nosso segredo exigia mais. E, assim, marcou o
outro pacto com cicatrizes dolorosas, tão horríveis e desfiguradas para nossos
corpos quanto têm sido os nossos espíritos por todos esses anos, Nós marcamos
nossos corações com a palavra que tememos mais do que qualquer outra coisa: a
verdade. Veritas.
To be continued...
Continua...
Confira a música Veritas:
Confira a letra dela: http://letras.mus.br/kamelot/veritas/traducao.html
Clipe de Sacrimony:
Ouça Song for Jolee:
Fonte: http://realm0of0darkness.blogspot.com.br/2012/11/silverthorn-storybook.html
e storybook da edição de luxo do álbum Silverthorn
e storybook da edição de luxo do álbum Silverthorn
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