terça-feira, 30 de setembro de 2014

Martim: Velhos ventos trazem Coronelismo e promessas não cumpridas

Fontes: Edição Nº 69 do Informativo Transparência e site da PMB ( http://barbacena.mg.gov.br/atos_oficiais/ )

Surpreendente o slogan de campanha de Martim Andrada para esta campanha para Deputado Estadual. "Novos ventos trazem futuro" é uma aposta na falta de memória do eleitor brasileiro, um pouco pior dos barbacenenses mais especificamente. Saiu candidato pelo PV, na tentativa de passar uma ideia de que brigou com a família, mas está num partido onde não tem concorrente na cidade e com chances de se eleger com menos votos.

Martim foi o prefeito que sucateou o Demae, transformou em Demasa (pratica comum do seu então PSDB, muda o nome da instituição para vender por um valor irrisório) e vendeu a preço de banana uma parte da autarquia que por várias vezes salvou as contas da prefeitura.

Outro destaque negativo na administração de Martim (2005 - 2008) foi na educação. Prometeu escolas no Monte Mário e no Nova Cidade, cada uma delas com 14 salas e quadra. Nenhuma delas saiu do papel, como denunciou o Informativo Transparência em fevereiro deste ano.


http://www.barbacena.mg.gov.br/atos_oficiais/jornais/edicao/j343.pdf

O Órgão Oficial do Município anunciava em 30 de maio de 2007 que a prefeitura havia recebido uma verba de R$ 2.800.000,00 (Dois milhões e oitocentos mil reais), que seria destinada à educação, com reformas de quadras das escolas e construção das duas escolas já citadas no parágrafo anterior, sendo oitocentos e sessenta mil para cada escola.

Essa propaganda da construção de duas novas escolas continuou até o final do mandato, sendo que no exemplar de 16 de abril de 2008 (é o único que o link do diário oficial não abre no site da prefeitura) divulga que a escola do Nova Cidade aumentou de 860 mil para um milhão cento e vinte oito mil reais, diminuindo o número de salas de 14 para 10 sem citar construção de quadra.



A última edição do Diário Oficial do governo Martim trouxe a notícia de que a escola do Nova Cidade teve o início de sua obra na penúltima semana de dezembro de 2008.

http://www.barbacena.mg.gov.br/atos_oficiais/jornais/edicao/j415.pdf página 2
Contudo, nenhuma das duas escolas saíram do papel. Não passaram de mentiras eleitorais. A sociedade cobrou do Ministério Público de Minas Gerais a fiscalização dessa verba, com uma denúncia datada de maio de 2010. Entretanto, até hoje não há notícia se essa verba de R$2.800.000,00 chegou aos cofres da Prefeitura Municipal de Barbacena. Se chegou, não se sabe para onde foi destinada, o fato é que as escolas não existem.



Antes de concluir, vale a pena citar que em 27 de junho do ano passado a escola do Nova Cidade voltou a ser notícia na imprensa da família Andrada e no site da prefeitura, com a PMB doando um terreno de 5.800 m² para a construção de uma escola estadual (o início do projeto informava que seria municipal) para 800 alunos sem informação de número de salas e quadra. Houve no início deste segundo mandato de Antônio Andrada uma prestação de contas da Assembleia de Minas no Palácio da Revolução Liberal, onde estavam presentes deputados estaduais, dentre eles Lafayette Andrada, vereadores e o atual prefeito. Quando abriram espaços para perguntas do público presente os dois (prefeito e Lafayette) foram questionados sobre as escolas e responderam que às obras não foram realizadas pois a prefeitura não havia doado o terreno. Fica uma importante pergunta ao eleitor barbacenense: Mesmo sabendo dessas mentiras eleitoreiras e constatando que esta família nunca trouxe benefício algum para a cidade (mesmo com Bonifácio se perpetuando na Câmara dos Deputados desde 1979), vale a pena votar nesses caras? Depois não adianta reclamar que só tem ladrão na política.



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Contos: Memórias de uma travessura

Era uma sexta-feira, por volta de 15 minutos para às 18 horas do dia 25 de julho de 1997. Em uma cidade do interior do Brasil, num bairro de periferia, com quatro ruas paralelas sendo que todas eram de terra, além da existência de poucas casas, seis garotos com idade entre 8 e 13 anos jogavam bola. Porém o mais velho deles já estava ficando entediado com o jogo e começava a tentar pensar em alguma brincadeira mais divertida.

De repente, um dos garotos chuta a bola quase no meio da trilha que liga a primeira rua com a rua onde jogavam bola. O mais velho vai buscá-la e nesse meio tempo finalmente formula a ideia da nova brincadeira.

Quando volta com a bola resolve contar aos amigos:

_Tive uma ideia - disse olhando no relógio de pulso - já são quase seis horas e não demora anoitecer. Nesse horário muitos adultos passam pela trilha e a gente podia aproveitar a escuridão da noite para assustá-los.

_Como vamos fazer isso? - Disse o de 12.

_É só cobrir o Juninho com papelão - disse o de 13 - e folhas de mamona ou de outras árvores, desde que sejam grandes, para camuflar e impedir que quem caminhe pela trilha veja ele.

_E se me baterem? - Perguntou o assustado Juninho, de oito anos.

_Podemos ficar atrás das árvores - respondeu Alex, garoto de cabelo loiro e curto com pouco mais de um metro e meio de altura e 10 anos de idade - e caso tentem te pegar a gente te ajuda a fugir.

Dito isto, os garotos procuraram os itens necessários para a travessura. Colocaram todos eles empilhados ao lado da trilha. Quando finalmente escureceu o bastante para que a "camuflagem" desse certo, cobriram Juninho com com papelão, folhas e alguns galhos de árvore.

Mudaram de ideia, não se esconderam atrás de árvores. Acharam melhor ficarem sentados na rua conversando e quando percebessem que "a vítima" começasse a prestar atenção naquela pilha de mato e papelão, eles puxariam assunto com ela para distraí-la.

Desse momento em diante ocorreu tudo como o planejado. Quando as pessoas chegavam perto da pilha, Juninho levantava, gritava e corria antes que as pessoas se recuperassem do susto, só dava tempo de escutar os xingamentos.

Por volta das 19h45, um senhor já cansado de mais um dia duro de serviço em uma fazenda perto daquele bairro, se assustou com o pivete, palavra que usou para xingar o garoto que o assustou. Aconteceu tudo muito rápido. Mal o senhor levou o susto e já empunhou um facão e saiu correndo atrás do garoto gritando "VOOLTA AQUI SEU PIVETEE!".

Os garotos mais velhos tiveram de atrair a atenção do enérgico senhor do facão, para que Juninho escapasse em segurança para a casa dele.

Esta brincadeira foi motivo de boas gargalhadas nos dias seguintes. Apesar de os garotos na época não terem celulares ou câmeras para gravarem aquela patacoada que poderia fazer sucesso no youtube atualmente, guardam essa zombaria na memória com a certeza de que tiveram uma boa infância.

Artur Santos

domingo, 14 de setembro de 2014

Leyenda Dime Jaguar (Tradução) - Terceira parte das lendas mexicanas que inspiraram canções da banda Fortaleza

Dime Jaguar (Jaguares)
Disco: Una Luz Entre Las Sombras



Na cultura asteca, o jaguar teve uma grande influência. O denominavam como "Ocelotl*", que consideravam como rei dos animais. Em Tenochtitlán os líderes militares de maior patente, os guerreiros mais importantes e ferozes vestiam capas, artefatos e máscaras feitas de plumas e pele de jaguar sendo chamados de cavalheiros jaguar, cujo título seria "Tlacochcalcatl", chefe de casa de armas. Os Imperadores Astecas não só se adornavam com capas, sandálias e usavam insígnias feitas de jaguares; tinham também o privilégio exclusivo de utilizar nos tronos, tapetes e cortinas feitos de pele de jaguar, tudo isso como símbolo de autoridade.

Para os Astecas o jaguar foi o disfarce de Tezcatilipoca, o deus responsável por guiar Quetzcóatl, a serpente emplumada que ensinou e introduziu a prática de sacrifícios humanos.

Na mentalidade asteca, a águia é também espírito irmão jaguar. Ambos são protetores dos poderes guerreiros terrestres. O animal envidraçado de manchas preside uma das irmandades secretas da cavalaria asteca, enquanto que a outra é regente pela presença senhorial da ave do bico adunco. Ao mesmo tempo, no trono cerimonial do monarca asteca, este se sentava sobre plumas de águia e dispunha sobre suas costas de um retalho manchado de pele de jaguar.

Na cultura Maia, o jaguar foi chamado Balaam ou Chac e era símbolo de poder. Pessoas que usavam roupas de jaguar eram pessoas com autoridade na sociedade, geralmente representado nos códices**. O Deus Sol se transformava em jaguar para viajar a noite pelo mundo dos mortos.

A pele com manchas deste belo felino representava as estrelas. As ruínas Maias de Yucatán produziram elaboradas imagens do jaguar. Para os Maias, o sol jaguar dominava a noite e o dia, o sol jaguar lutava ao entardecer com Xilbalban (o submundo) durante a noite, vencendo-o e saindo uma vez mais no dia seguinte.

Uma história Maia fala que o final da terra virá quando os jaguares ascenderem do submundo para devorar o Sol e a Lua e talvez o universo... e um eclipse é um sinal do evento final.

*Existe uma banda chamada Ocelotl que tem canções sobre os povos astecas. Este blog já divulgou o som da banda.
**Códices Maias são livros dobráveis produzidos pela civilização pré-colombiana. Os textos eram produzidos em papel oriundo de cascas de espécies de figueiras. Códice é uma palavra oriunda do latim, significando livro ou bloco de madeira. Os maias os chamavam de huun no idioma deles. Os Astecas, no seu idioma nauatl, chamavam os códices de amatl.

Exemplo de um códice Maia

Fortaleza - Dime Jaguar


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

La Leyenda del Tajín (tradução) - Segunda parte das lendas mexicanas que inspiraram canções da banda Fortaleza

Tradução da Lenda de Tajín
La Leyenda del Tajín
Disco: Una Luz Entre Las Sombras (Uma luz entre as sombras)

Após pouco mais de um ano e meio, quando escrevi a primeira parte de "Fortaleza e suas canções inspiradas em personagens, histórias e lendas do México"*, resolvi traduzir (tentar traduzir) outra lenda que inspirou uma bela canção da banda. Trata-se da Lenda de Tajín.


Antes de começar a traduzí-la diretamente do site oficial da banda, é necessário tentar esclarecer o que é Tajín. Segundo tentei apurar no site do Instituto Nacional de Antropologia e História - INAH (México) e na Wikipedia, El Tajín é a cidade pré hispânica mesoamericana mais importante da costa norte de Veracruz. É o maior sítio arqueológico da região, com grande acervo da cultura asteca e de povos pré invasão espanhola. Tajín é a cidade sagrada do povo Totonaca, considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Também é o nome do personagem da lenda Tajín y los siete trueños.

Fontes e curiosidades:

*Até então não havia planos para que se tornasse uma série de postagens sobre o tema, mas comecei a ler os posts antigos do blog e me deparei com este, que considero ter a influência de um bom acervo de lendas mexicanas. Junte-se a isto o fato de eu estar tendo aulas de espanhol e a tradução dessas lendas ser uma boa maneira de praticar.

La Leyenda del Tajín

A Lenda do antigo trovão foi escutada pelo etnólogo Roberto Williams Garcia, dos lábios de um ancião totonaco que vivia em uma colina com vista para a Pirâmide dos Nichos, na zona de Tajín, sendo publicada em 1954 na revista "Tlatoani".

Na congregação de Tajín, os totonacos relatam a existência de um ser sobrenatural, o antigo trovão, que permanece acorrentado no fundo do mar e cujos seus rugidos roucos começam a ser escutados desde o mês de junho, prolongando-se por julho até agosto.

O personagem era um órfão vagante. Em certa ocasião, seus olhos maravilhados viram um machado que, por próprio impulso, cortava lenha e seguidamente eles se uniram transformando-se em uma ferramenta. O menino seguiu o caminho e assim chegou a uma casa que era a Pirâmide dos Nichos, onde viviam 12 homens idosos, que eram os senhores do trovão, eles tomaram o órfão como servo, Talinmaxka ou Limaxka no idioma totonaco, recomendando-lhe que seguisse suas ordens.

Uma vez, quando os anciões se preparavam para sair para seus trabalhos, o órfão viu como tiravam suas vestimentas de dentro de um baú: a roupa do furacão. Ele saiu de casa usando a roupa e imediatamente provocou um furacão que começou a destruir tudo; as árvores desmoronaram, e cabanas caíram. Os senhores do trovão,ao se darem conta da situação, perseguiram o causador do tumulto, lançando montanhas de nuvens para capturá-lo, levando muito tempo para conseguir, porque o menino sempre escapava.

O menino foi levado para o mar, onde foi submetido e acorrentado para não se mover. Dizem que os roucos rugidos ocorrem por ele perguntar quando é o seu dia santo, mas os senhores do trovão o enganaram dizendo que era uns dias antes ou depois da data verdadeira: 24 de junho. Se abstiveram de dizer o dia certo pois pensavam que o garoto provocaria uma tremenda inundação que acabaria com o mundo.

No monumento de entrada a zona arqueológica de Tajín, em 1992 ficou representada esta lenda graças à habilidade do escultor Teodoro Cano.




Fortaleza - La casa dele trueño
https://www.youtube.com/watch?v=QBsUjUplZOU
Fortaleza- La Leyenda del Tajín (versão do disco)
https://www.youtube.com/watch?v=CrK4-4YV0GM
La Leyenda del Tajín ao vivo