sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Contos: Memórias de uma travessura

Era uma sexta-feira, por volta de 15 minutos para às 18 horas do dia 25 de julho de 1997. Em uma cidade do interior do Brasil, num bairro de periferia, com quatro ruas paralelas sendo que todas eram de terra, além da existência de poucas casas, seis garotos com idade entre 8 e 13 anos jogavam bola. Porém o mais velho deles já estava ficando entediado com o jogo e começava a tentar pensar em alguma brincadeira mais divertida.

De repente, um dos garotos chuta a bola quase no meio da trilha que liga a primeira rua com a rua onde jogavam bola. O mais velho vai buscá-la e nesse meio tempo finalmente formula a ideia da nova brincadeira.

Quando volta com a bola resolve contar aos amigos:

_Tive uma ideia - disse olhando no relógio de pulso - já são quase seis horas e não demora anoitecer. Nesse horário muitos adultos passam pela trilha e a gente podia aproveitar a escuridão da noite para assustá-los.

_Como vamos fazer isso? - Disse o de 12.

_É só cobrir o Juninho com papelão - disse o de 13 - e folhas de mamona ou de outras árvores, desde que sejam grandes, para camuflar e impedir que quem caminhe pela trilha veja ele.

_E se me baterem? - Perguntou o assustado Juninho, de oito anos.

_Podemos ficar atrás das árvores - respondeu Alex, garoto de cabelo loiro e curto com pouco mais de um metro e meio de altura e 10 anos de idade - e caso tentem te pegar a gente te ajuda a fugir.

Dito isto, os garotos procuraram os itens necessários para a travessura. Colocaram todos eles empilhados ao lado da trilha. Quando finalmente escureceu o bastante para que a "camuflagem" desse certo, cobriram Juninho com com papelão, folhas e alguns galhos de árvore.

Mudaram de ideia, não se esconderam atrás de árvores. Acharam melhor ficarem sentados na rua conversando e quando percebessem que "a vítima" começasse a prestar atenção naquela pilha de mato e papelão, eles puxariam assunto com ela para distraí-la.

Desse momento em diante ocorreu tudo como o planejado. Quando as pessoas chegavam perto da pilha, Juninho levantava, gritava e corria antes que as pessoas se recuperassem do susto, só dava tempo de escutar os xingamentos.

Por volta das 19h45, um senhor já cansado de mais um dia duro de serviço em uma fazenda perto daquele bairro, se assustou com o pivete, palavra que usou para xingar o garoto que o assustou. Aconteceu tudo muito rápido. Mal o senhor levou o susto e já empunhou um facão e saiu correndo atrás do garoto gritando "VOOLTA AQUI SEU PIVETEE!".

Os garotos mais velhos tiveram de atrair a atenção do enérgico senhor do facão, para que Juninho escapasse em segurança para a casa dele.

Esta brincadeira foi motivo de boas gargalhadas nos dias seguintes. Apesar de os garotos na época não terem celulares ou câmeras para gravarem aquela patacoada que poderia fazer sucesso no youtube atualmente, guardam essa zombaria na memória com a certeza de que tiveram uma boa infância.

Artur Santos

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