Colaboração especial de Letícia Coimbra
Um
jovem casal sai de carro para um encontro. Os dois têm idade aproximada aos 18
anos. Ele tirou a habilitação recentemente. Esta é somente a terceira vez que
ele pega o carro do pai para ir ao cinema na cidade vizinha com a namorada.
Estavam
a três dias do primeiro Natal como namorados. Após o filme, os dois param em
uma lanchonete para fazer um lanche antes de voltarem para a casa. Durante o
lanche fazem planos para o ano novo e para o próximo período da faculdade. Ele tem uma banda e é
atleta universitário representando a faculdade nas competições de judô. Ela
cursa a faculdade de letras.
*Ele acreditava na eternidade do que sentiam. Ela no que ainda poderiam sentir. Porém nada dura para sempre. A não ser a história de tudo que aconteceu...
Ainda
posso sentir o frio, mas agora a dor lancinante vem de dentro para fora,
consumindo tudo. O espaço onde antes guardava você, a combustão desta dor está
queimando para que não reste nenhum rastro teu. Sinto algo quente escorrer pelo
meu rosto e involuntariamente me lembro que mais cedo suas mãos me tocaram
deixando um calor semelhante. Onde minha querida pode estar? Ela foi para os
céus. Foi levada de mim.
As gotas desta chuva que Começa a cair não podem lavar da memória o que aconteceu. Os flashes me atropelam, destruindo tudo o que um dia eu já fui e agora, sem você, não posso mais. Onde minha querida pode estar? Ela foi para os céus. Foi tirada de mim. Não fazia muito tempo que eu estava dirigindo, não havíamos ido muito longe. Olhei para você que sorria de volta para mim. Um carro parado na estrada. Seus olhos presos aos meus. Desviei para a direita, mas algo deu errado. Não. Me recuso a ouvir esse som! O grito dos pneus, a explosão de cacos de vidro. Seus olhos já não estavam mais presos aos meus. Esta não é a nossa música. É sua voz, um ruído ensandecido impregnado de agonia. Onde minha querida pode estar? Ela foi para os céus. Foi tirada de mim.
Não me dou conta do que realmente houve. A chuva não cessa e pessoas começam a
preencher o vazio que meus olhos veem com dificuldade. Uma lembrança dela. De
alguma forma consegui encontrá-la. Sua vulnerabilidade me fez desmoronar. Ergui
sua cabeça ainda tão frágil e delicada e seus cabelos sujos de sangue tocaram
minha mão. "Abrace-me, querido, só mais um pouco" , ela disse olhando
para mim. Envolvi-a em meus braços que carregavam além do meu sofrimento, tudo
de melhor que ela despertou em mim. Então toquei sua boca com a minha. Nosso Último
Beijo. Naquele momento, encontrei o amor que sabia que havia perdido. E por
mais que meu abraço tentasse faze-la ficar, eu sentia que
ela já havia ido. Meu amor, minha vida tudo se foi junto com ela naquela noite.
Onde minha querida pode estar? Ela foi para os céus. Foi levada de mim. Agora
preciso ser bom para vê-la novamente quando eu deixar este mundo.*
História baseada na música Last Kiss de Wayne Cochran, gravada pela primeira vez em 1962 com sua banda The C. C. Riders, sendo mais conhecida na nossa geração através da versão gravada pela banda americana de Seattle, Pearl Jam, em um single de 1999, posteriormente no lado B do álbum Lost Dogs, em 2002.
Wayne
Cochran escreveu a música inspirado num acidente ocorrido no dia 22 de dezembro
de 1962, em Barnesville, no estado da Georgia, com o jovem casal de 16 anos,
Jeanette Clark e J. L. Hancock que dirigia o carro que se acidentou com um caminhão
que carregava madeira numa estrada rural de Barnesville. O casal saiu para um
encontro acompanhado de três amigos. O casal e um dos amigos morreram
instantaneamente. Um frentista local foi ajudar a prestar socorro no acidente e
não reconheceu a própria filha. O baterista da banda de Wayne Cochran estava em
um encontro com a irmã de Jeanette Clark no momento do acidente.
Wayne
viveu na Rota 1941, na Georgia, que ficava a 15 km do acidente. Lá ele viu
vários acidentes do tipo e por isso estava escrevendo uma música sobre o
assunto. Quando soube do acidente em Barnesville ele se inspirou nos sentimentos de comoção da comunidade local do acidente
para terminar a canção, dedicando-a à Janette Clark.
Wayne
nomeou a canção como "Last Kiss" por este ser o ponto alto e
dramático da música, além de existir uma canção de Floyd Cramer chamada Last
Date.
A versão da banda de
Cochran foi um sucesso local na Gerogia, o que levou a gravadora Texas para
gravá-la com J. Frank Wilson lançando-o nacionalmente.
Versão da banda Pearl Jam
Versão de Wayne Cochran
Versão de J. Frank Wilson
Tradução**
Oh
onde, oh onde, minha querida pode estar?
O
Senhor levou-a de mim.
Ela
foi para os céus, então eu tenho de ser bom,
Assim
posso ver meu amor quando eu deixar este mundo.
Nós
saímos em um encontro no carro do meu pai
Não
tínhamos dirigido para muito longe.
Lá
na estrada, seguindo em frente,
Um
carro estava parado, o motor morreu.
Eu
não podia parar, então desviei para a direita.
Eu
nunca vou esquecer, o som daquela noite:
O
"grito" dos pneus, o vidro estourado,
O
grito de dor que ouvi por último.
Oh
onde, oh onde, minha querida pode estar?
O
Senhor levou-a de mim.
Ela
foi para os céus, então eu tenho de ser bom,
Assim
posso ver meu amor quando eu deixar este mundo.
Quando
acordei a chuva estava caindo
Havia
pessoas paradas por todo lado
Alguma
coisa quente correndo nos meus olhos
Mas
de alguma maneira encontrei meu amor aquela noite
Ergui
sua cabeça, ela olhou para mim e disse
"Abrace-me
querido, só mais um pouco"
Dei-lha
um abraço apertado, beijei-a, nosso último beijo
Encontrei
o amor que sabia que tinha perdido
Bem,
agora ela se foi, mesmo eu tendo a abraçado forte
Perdi
meu amor, minha vida, naquela noite
Oh
onde, oh onde, minha querida pode estar?
O
Senhor levou-a de mim.
Ela
foi para os céus, então eu tenho de ser bom,
Assim posso ver meu
amor quando eu deixar este mundo.
*Trecho escrito por Letícia Coimbra*
** Tradução minha, por isso está diferente da legenda da música
Fontes:
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