quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Contos: Enquanto a chuva não vem...

Saio as pressas da faculdade, quase correndo, olhando os relâmpagos no céu que avisam que virá uma tempestade. As vezes o tempo em Barbacena faz-nos acreditar que virá uma tempestade, mas acaba ficando só na ameaça. Levo mais ou menos uns quatro minutos para chegar ao ponto de ônibus. Entretanto percebo que perdi o de "quinze pra hora" por quatro minutos de atraso. Terei de esperar meia-hora por outro.

Para minha surpresa a lanchonete que empresta sua marquise para abrigo das pessoas que estão no ponto não está cheia como pensei que estaria. Consigo lugar para ficar sentado. Fico olhando para a porta torcendo para a chuva não vir antes de eu chegar em casa. Os minutos custam a passar. Estou com os fones de ouvido do celular na mochila e podendo puxar assunto com alguém como opções para passar o tempo. Começo a pensar em narrar esta situação e prefiro continuar dando corda para que meu cérebro continue a narrativa em vez de escolher as duas opções.

Fico com preguiça de pegar o fichário e passar o que me vem a mente para um papel, mesmo correndo o risco de minha memória me trair mais tarde. Faltando poucos minutos para o ônibus chegar a chuva começa a cair. Finalmente o ônibus encosta e saio correndo para ser o primeiro a entrar e não me molhar muito. Escolho um lugar aleatoriamente e observo rapidamente as pessoas entrarem, mas logo minha atenção se volta para a janela e começo a torcer para que a chuva não aperte.

Mal o ônibus começa a andar e logo no primeiro sinal vermelho a chuva aperta. Começo a fechar as janelas próximas que ainda estão abertas. Uma delas tinha não tinha o "puxador" (é uma péssima palavra para definir o objeto, mas estou com preguiça de abrir um dicionário) e por isso não consegui fechar. A sorte é que o ônibus não encheu e pude trocar para um lugar vazio do outro lado do corredor.

Começo a desejar ter ali meu notebook para começar a dar vida as palavras que me vem a mente. Já não estou confiando tanto em minha "vaga lembrança" (também conhecida como minha memória). Só me resta torcer para que os ponteiros do relógio passem rápido.

Na metade do caminho percebo que já não chove. Parece até que Barbacena é uma metrópole, chove muito num bairro enquanto outros estão secos.

Logo avisto a esquina da minha rua e toco a campainha. Salto do ônibus e corro para a casa torcendo para não perder nenhuma palavra. Entro em casa, cumprimento meus pais e vou para o quarto ligar o computador.

Perco o foco momentaneamente ao abrir a página do Facebook em vez da "Nova Postagem" do Blogger. Finalmente abro "Nova Postagem" e começo a escrever.

Já se passaram 30 minutos e finalmente concluo o texto. Pelo menos onde moro a tempestade prometida foi somente uma pegadinha de São Pedro.


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